Comércio eletrônico: Quem está fora vai ter que entrar

Comércio eletrônico. Varejo deverá de adaptar a uma nova realidade e buscar soluções de vendas online. Locação de galpões logísticos será crescente

Impactos provocamos pela pandemia do corona vírus mudarão o varejo definitivamente

Há algum tempo atrás ouvi uma frase que não dei muita atenção, ou talvez a atenção que esta merecesse: O varejo vai se transformar em logística.
O impacto da pandemia, nos mostra, de forma clara, que nunca estivemos tão dependentes da logística. Sem nenhum planejamento e inesperadamente, os consumidores se viram obrigados a ficar em casa. Alertados sobre os riscos de contaminação, através de contato direto, as ruas ficaram desertas e o comércio fechou em sua maior parte.
Inesperadamente, os restaurantes fecharam, os shoppings, as escolas e toda uma cadeia de sustentação de nossa sociedade.
Diante disso, os consumidores estão ampliando as compras pela Internet. Segundo dados do Compre e Confie, as vendas aumentaram 40% nos primeiros 15 dias do mês de março. Só os itens de saúde, tiveram crescimento de 124%.
Além disso, de acordo com a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) alguns setores apresentaram aumento de vendas de 180% na categoria alimentos. Alguns varejistas já admitem a “possibilidade de atrasos e substituição de produtos por conta da ruptura de estoques”.

Comércio eletrônico deveria crescer 18% em 2020

O setor já vinha crescendo, mesmo em períodos da crise econômica pela qual havíamos passado e imaginávamos estar vencendo. No caso, é bem possível que este número de 18% seja superado por conseqüência das limitações de acesso ao varejo de rua, por outro lado,  deve acorrer, a principio,  a diminuição do ticket médio.

Last mile e plataformas de marketplace ganham destaque

“Eu já vinha destacando isso, a chamada ultima milha, ou a última etapa de entrega, inclusive em minha entrevista na edição de março de 2020 da revista LogWeb, abordei o tema”, diz João Carlos Fernandes, da Sempre Negócios.
“Nunca precisamos tanto de agilizar os processos de entrega”, completa ele.
De fato, a ultima milha tem sido um gargalo neste momento, principalmente, para as redes de supermercados, não tão ambientadas a um volume de vendas tão elevado pelos canais online e, evidentemente pegos de surpresa com o fato novo.
Dessa forma, o tempo de entrega nunca foi tão precioso, como no atual momento. Quem precisa comprar alimentos ou medicamentos, não deve estar disposto a concordar com prazos de entrega acima de 3 dias.
Outro exemplo, são os restaurantes e as grande redes de fast food, que foram duramente impactados. Nunca o setor foi tão dependente dos chamados aplicativos de entrega em domicílio, como por exemplo o Ifood, e da cadeia de micro entregas.

O varejo precisará se reinventar

Antes de mais nada, o fechamento do comércio tradicional de rua, mostrou a todo o mercado, a importância das empresas investirem em plataformas de vendas online. Aqueles que ainda resistiam aos canais de comercialização através dos sites, irão rever seus conceitos ou terão dificuldade de sobrevivência. É bom lembrar, que o comércio eletrônico representa cerca de 6% do faturamento do varejo brasileiro.
A experiência do consumo através da compra virtual, deverá ser mais frequente após este período. Assim sendo, as empresas deverão também, investir mais em processos que permitam que a chamada ultima milha seja vencida de maneira mais assertiva.
O inevitável aumento das vendas online, e a necessidade de maior presença das empresas no comércio eletrônico é uma boa notícia para operadores logísticos, por uma questão óbvia. Haverá, também, aumento da demanda por galpões logísticos. Sob o mesmo ponto de vista, haverá uma valorização expressiva da área de tecnologia da informação. Plataformas de canais de venda e de gestão da cadeia logística deverão ganhar muita atenção.

Abrimos aqui um parêntese, o Brasil possui hoje cerca de 16 milhões de metros quadrados de galpões logísticos AAA, 40% destes ocupados pelas empresas de comércio eletrônico. A região sudeste possui cerca de 12 milhões de ABL.

O crescimento do comércio eletrônico vai demandar busca por novos espaços de galpões logísticos, São Paulo em especial continuará a receber os maiores investimentos, por sua concentração de consumo. Entretanto, grandes centros urbanos do país serão alvos de novos empreendimentos logísticos.

Definitivamente, uma nova era de transformações e consumo se inicia no pós crise. Os processos de modificação do varejo que vinham sendo implementados, foram acelerados.

Em suma, nada será como antes.

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